- Área: 1400 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Eduardo Macarios
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Fabricantes: Accoya, Alubauen, Artefacto, Dsgnselo, Florense, Oda Design, Organne, Pettrus Stone
Descrição enviada pela equipe de projeto. A pousada Maria Flor é um hotel boutique com apenas 12 quartos, localizado na ilha de Fernando de Noronha, Patrimônio Natural da Humanidade (Unesco - 2001). O projeto é fruto da parceria entre os escritórios Priscilla Muller Studio e Solo Arquitetos, e foi idealizado como um esponja do seu contexto, buscando absorver e integrar arquitetura e natureza, de forma sutil, respeitosa e responsável. Nossa principal proposta foi sempre manter os hóspedes conscientes de sua estadia em uma das mais belas ilhas do planeta.
Construir em uma localidade tão especial é, ao mesmo tempo, gratificante e desafiador. Naturalmente, por se tratar de uma ilha, o projeto teve como uma premissa básica uma inteligência construtiva, baseada em uma construção modular - realizada quase que totalmente em estrutura metálica - buscando sempre o menor impacto ambiental possível. Sendo assim, a edificação aproveita a morfologia original do terreno, se assentando em 3 níveis principais e em 3 blocos diferentes, conectados por uma passarela que percorre toda a edificação. Esse partido organiza o programa da pousada, criando diferentes graus de privacidade e diferentes oportunidades visuais.
O primeiro bloco, mais próximo a rua, abriga os ambientes coletivos da pousada, com a recepção e administração no nível térreo, o restaurante no pavimento intermediário, e ainda um espaço multiuso/contemplativo na sua laje de cobertura, com uma vista especial para o Morro do Pico, um dos principais atrativos da ilha. No segundo bloco, temos essencialmente os apartamentos, com apenas alguns programas técnicos no nível térreo de apoio a equipe da pousada. Os quartos localizados no nível superior possuem uma vista incrível para o Forte dos Remédios. Entre os dois primeiros blocos, configurou-se também um generoso pátio de recepção e encontro, trabalhado com maestria pelo paisagista Alexandre Furcolin. Por fim, no último bloco, temos a piscina do hotel - totalmente revestida no quartzito Botanic Green, uma pedra exuberante, brasileira e nordestina - em um ambiente totalmente privativo e praticamente imerso na mata nativa da ilha. Essa composição em três blocos cria passeios onde os espaços conduzem o hóspede, como se este estivesse a fluir por dentro da pousada, igual a água do oceano dentro de uma esponja do mar.
Quanto à materialidade, a pousada se consolida com basicamente três materiais principais: o revestimento em pedra natural bruta no pavimento térreo, a estrutura metálica aparente pintada em um tom de verde escuro, e os painéis de fechamento e ripados em Accoya - uma madeira modificada geneticamente, extremamente seca e que deixa de absorver a umidade do ar, ganhando estabilidade dimensional e resistência contra o apodrecimento, uma solução para as condições climáticas da ilha. Estes planos ripados, constituem o principal elemento estético da pousada, e dissolvem os limites entre exterior e interior, permitindo ao hóspede estar sempre conectado a natureza de alguma forma, seja com a vista para a paisagem, seja com a brisa da ilha, ou mesmo com o ritmo das sombras dançantes dos brises ao longo do dia.
A linguagem contemporânea da edificação, se reflete também nos espaços internos, com uma paleta de materiais reduzida, planos simples e bem definidos, prezando sempre pela simplicidade e elegância dos elementos para uma hospedagem especial. A ideia é que a arquitetura forneça abrigo, acolhimento e conforto, mas que não assuma um protagonismo ante a exuberância natural da ilha. Afinal, a pousada é essencialmente um local de descanso, um retiro para seus hóspedes em Fernando de Noronha.